Curitiba, 08 de Março de 2017.
13:33
Patrícia Nogueira/Assessoria PPS
Juan Gauidó (esq) preside comissão que investiga obras da Odebrecht na Venezuela
Portal PPS
A Procuradoria Geral da República (PGR) deve decidir nas próximas semanas se aprova o compartilhamento de informações da Operação Lava Jato, referentes à Odebrecht, com uma comissão da Assembleia Nacional da Venezuela que investiga superfaturamentos e pagamento de propinas em 31 obras da empreiteira no país, sendo 26 inconclusas. Os investimentos somam mais de 16 milhões de dólares.
O pedido de cooperação internacional foi feito oficialmente na última terça-feira (07) durante encontro entre o deputado Juan Guaidó, presidente da Comissão Permanente de Controladoria da Assembleia Nacional da Venezuela, e o procurador da República Douglas Fischer, que faz parte do grupo de trabalho da PGR que atua nas investigações da Operação Lava Jato. O encontro foi intermediado pelo deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), que está organizando, em nome da Câmara dos Deputados, o evento Diálogo Parlamentar em prol da democracia na Venezuela, que reunirá presidentes dos legislativos de todos os países da América do Sul no próximo dia 23 de maio, em Brasília.
De acordo com Rubens Bueno, o pedido de Guaidó será analisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Temos a expectativa que essa parceria possa ser fechada em breve já que a PGR vem realizando uma série de acordos de cooperação internacional no âmbito da operação Lava Jato. Com isso, poderemos desvendar outro braço dessa organização criminosa que ultrapassou em muito as fronteiras do país com a ajuda do ex-presidente Lula. Creio que esse escândalo pode atingir o centro de comando do governo antidemocrático de Nicolás Maduro”, disse o deputado do PPS.
Já o parlamentar venezuelano ressaltou que sua investigação está concentrada na apuração de superfaturamentos e pagamento de subornos para funcionários públicos em troca do fechamento de contratos de obras. “Há 26 obras (da Odebrecht) inconclusas de um total de 31. Existem obras concluídas, como a segunda ponte sobre o Río Orinoco, que teve sobrepreço de até 300% segundo padrões internacionais. Então a investigação deve apontar não somente os funcionários que receberam suborno, mas também as obras inconclusas que tem sobrepreço”, explicou Juan Guaidó.
Apoio para conferência pela democracia na Venezuela
O deputado venezuelano, acompanhado de Rubens Bueno, também participou da posse do novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e após a cerimônia, se reuniu com ele e com o ex-ministro, senador José Serra (PSDB-SP). “Conversamos com o ministro Aloysio e com o senador Serra que continuam firmes no apoio para realizar a conferência do dia 23 de maio sobre o restabelecimento da democracia na Venezuela. Na cerimônia de posse, inclusive, os discursos dos dois foram duros com o governo venezuelano”, relatou Rubens Bueno.
Juan Gaidó, que é do Partido da Vontade Popular e faz oposição ao governo de Maduro, também esteve com o corregedor parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado Claudio Cajado (DEM-BA). Para o venezuelano, esse momento de combate à corrupção é importante para o fortalecimento da democracia não somente na Venezuela, mas em toda a América do Sul.
“Em nosso país não existe independência de poderes públicos e por isso nos encontramos em uma situação de risco real de extravio de importantes dados relativos à referida investigação”, esclareceu Guaidó, para quem essa ameaça se daria devido à possibilidade de envolvimento das mais altas autoridades do governo e do Ministério Público da Venezuela no esquema de pagamento de propina da Odebrecht.