Curitiba, 23 de Maio de 2017.
13:36

Cristovam Buarque: Gestos de grandeza

O desencanto atual com todos nós, parlamentares, justifica que até ideias inconvenientes sejam escritas, ainda que não propostas. O absurdo dessa sugestão ainda é muito melhor do que o suposto fechamento do Congresso, que alguns começam a defender como reação às indecências e erros cometidos dentro da democracia. Ouço proposta de volta à ditadura, como o desejo de ingênuos ou dos que, cansados com notícias que os envergonham, optam por não tomar conhecimento delas. Eles preferem que os corruptos tenham o poder de censurar a imprensa, demitir e controlar o Ministério Público e a Justiça.

Cansados de tomar conhecimento da irresponsabilidade e do roubo generalizados, preferem não saber o que acontece, prendendo os ladrões atuais e impedindo de descobrir quais serão os corruptos no futuro. Preocupante é que, além dos ingênuos cansados com a democracia, há a proposta, sobretudo, de saudosistas da ditadura que desejam voltar ao poder autoritário, até mesmo para poderem prender quem os denunciar.

A continuação do atual quadro é o segundo pior dos mundos, já que a ditadura é o pior deles. A reforma da Constituição para fazer eleição direta é a melhor proposta ética e com maior legitimidade para o próximo governo. O ideal seriam até mesmo eleições gerais para substituir todos que hoje têm mandato, não apenas o presidente surpreendido em um diálogo comprometedor. Mas isso levaria o Brasil a atravessar meses no caos econômico e enfrentar a desordem na segurança pública, para, no fim, elegermos alguém do passado, ditatorial ou populista.

Neste momento, precisamos de gestos de grandeza. Primeiro do presidente Michel Temer, renunciando ao seu mandato conquistado pela escolha de seu nome pelo PT e pela então presidente Dilma como vice. Segundo, o gesto daqueles que defendem a bandeira ética da eleição direta, entendendo que não há tempo para isso, que a emenda constitucional apressada é um risco para as instituições. Além de que meses de debate desorganizarão o que resta de nossa cambaleante economia. Terceiro, o gesto de grandeza dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, manifestando que, diante das denúncias que pesam sobre eles, preferem não ocupar o cargo de presidente pelos 30 dias previstos pela Constituição.

Quarto, um gesto da presidente do STF, seguinte na ordem sucessória, afirmando que ao assumir a Presidência ela será apenas a condutora do processo de sua sucessão. O quinto gesto de nobreza seria de todos os parlamentares atuais, renunciando de antemão à possibilidade de sua eleição indireta para presidência. E, por último, grandeza de quem vier a ser eleito, aceitando que será somente o guardião do processo eleitoral de 2018, mantendo blindadas a economia, a segurança nacional, a ordem e a ética.

Ao mesmo tempo, será preciso o gesto de grandeza das demais autoridades brasileiras e do mercado — consumidores e investidores — de que não vão abandonar o otimismo e o sonho de um Brasil grande, que manterão acesa a chama de ser brasileiro, lembrando que nosso país é maior do que seus presidentes e políticos, maior do que qualquer um de nós e sobreviverá ainda melhor a todas as dificuldades atuais. Nosso desafio é de que os erros e indecências do passado e presente sejam superados com o menor e menos duradouro custo social, econômico e institucional democrático.

Além disso, a grandeza maior de sabermos que nada vai construir o Brasil ético, justo, eficiente e sustentável que desejamos enquanto não tivermos a grandeza de fazermos um sistema educacional para todos e com a mesma qualidade para cada um. Todas as crianças com acesso a uma boa escola: o filho do pobre em escola tão boa quanto a do filho do rico. Mas isso parece quase impossível no Brasil de hoje, porque exige grandeza não só dos eleitos, mas também dos eleitores, abrindo mão do tradicional imediatismo de preferir benefícios no presente e aceitando sacrifícios para podermos construir o futuro.

Penso que talvez não haja mais tempo para construirmos essa ideia, porque estamos ficando, mais uma vez, para trás no mundo, como aconteceu no passado quando preferimos a escravidão a trabalho livre, corrupção à ética, os investimentos na economia a uma revolução na educação. Porém, não temos outra alternativa. Este é nosso país, precisamos ser otimistas e fazer coerentemente os necessários gestos de grandeza que o Brasil exige. (Correio Braziliense – 23/05/2017)

Cristovam Buarque é senador pelo PPS-DF e professor emérito da UnB (Universidade de Brasília)



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