Curitiba, 03 de Setembro de 2016.
11:51
O Estado de S. Paulo - Fábio Fabrini
A presidente cassada Dilma Rousseff passará a ser investigada por possível improbidade administrativa nas pedaladas fiscais de seu governo. Com o impeachment, a petista perdeu o chamado foro especial por prerrogativa de função. Com isso, o Ministério Público Federal (MPF) em Brasília passará a analisar se ela teve participação e responsabilidade nas operações, que consistiram em atrasar, propositalmente, repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos custearem despesas com programas sociais e empréstimos subsidiados.
O procurador da República Ivan Cláudio Marx, responsável pelas investigações sobre as pedaladas, havia avaliado as condutas apenas de outras autoridades, subordinadas a Dilma, nas manobras fiscais, pois não tinha competência para apurar atos da chefe do Executivo. A petista deverá agora ser ouvida no inquérito para se explicar. Não há, no entanto, prazo para isso ocorrer. Outros integrantes de seu governo, já inquiridos, poderão ser questionados novamente sobre o envolvimento da ex-presidente. Caso o procurador entenda que Dilma cometeu irregularidades, ela poderá ser processada e sofrer penas para improbidade, entre elas suspensão de direitos políticos, com inelegibilidade, da qual a petista se livrou no julgamento do Senado na quarta.
Há alguns meses, Marx entendeu que as pedaladas não foram empréstimos ilegais, divergindo do entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) e do próprio Senado. Por isso, na avaliação do procurador, elas não configuraram crime comum. Ele pediu à Justiça o arquivamento da investigação no âmbito penal. Contudo, Marx considerou que houve improbidade administrativa nas operações, um delito civil, mantendo inquérito a respeito. (O Estado de S. Paulo)