Curitiba, 07 de Julho de 2017.
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Grupo alimentação, habitação e transporte registrou a maior queda no período
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de junho teve queda (-0,23%) e ficou bem abaixo dos 0,31% de maio. O resultado divulgado nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a inflação no período é a mais baixa para um mês de junho desde o início do Plano Real e o primeiro resultado mensal negativo – deflação – para qualquer mês desde junho de 2006 (-0,21%). O índice nunca foi tão baixo desde agosto de 1998, quando a taxa atingiu -0,51%.
Na história recente do Brasil, constantemente marcada por inflação alta, só houve deflação no IPCA por no máximo três meses seguidos. Isso aconteceu entre julho e setembro de 1998.
No primeiro semestre do ano a inflação fechou em 1,18%, bem menos do que os 4,42% registrados em igual período do ano passado. Considerando-se os primeiros semestres do ano, é o resultado mais baixo da série. Em relação aos últimos doze meses, o índice foi para 3,00%, abaixo dos 3,60% relativos aos doze meses imediatamente anteriores. Em junho de 2016, o IPCA foi 0,35%.
Habitação tem a maior queda
Em junho, os três grupos de produtos e serviços que, juntos, concentram cerca de 60% das despesas domésticas, foram os que tiveram as quedas mais intensas: alimentação (-0,50%), habitação (-0,77%) e transporte (-0,52%).
Habitação, que tem participação de 15% nos cálculos do IPCA, foi o grupo que teve a maior queda no mês, influenciada pelas contas de luz. Mais barata em 5,52%, a energia exerceu o mais intenso impacto negativo, de -0,20 ponto percentual, segundo o IBGE.
No grupo transportes, houve deflação de 0,52%. Os combustíveis se destacam pela queda de 2,84%, diz o IBGE. O litro da gasolina ficou 2,65% mais barato diante de duas reduções de preços, autorizadas pela Petrobrás, nas refinarias, cujos reflexos nas bombas se concentraram no IPCA do mês.
No grupo alimentação e bebidas, que domina 26% das despesas das famílias, houve queda de 0,50%, puxada pelos alimentos para consumo em casa, mais baratos em 0,93%. Houve queda nas 13 regiões pesquisadas.
Apesar do feijão-carioca ter exercido o maior impacto no IPCA do mês, com a subida brusca de 25,86% em seus preços, a maioria dos alimentos passou a custar menos de maio para junho, como o tomate (-19,22%), a batata-inglesa (-6,17%) e as frutas (-5,90%).
O cálculo do IPCA leva em conta os preços de pagamentos à vista no comércio, nos aluguéis e compras de imóveis, nos serviços públicos e no setor de serviços nas principais cidades brasileiras. O IBGE coleta informações de famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos.
O que é deflação
A deflação acontece quando os preços de produtos e serviços caem em determinado período de tempo. É um movimento contrário ao de inflação, quando os preços sobem. A deflação é diferente da chamada desinflação – neste caso, os preços sobem, mas em ritmo mais lento.
Um dos principais fatores que levam à deflação é a recessão, explicam os economistas. Na crise, os consumidores compram menos e forçam as empresas a reduzir preços. Em junho, o Brasil registrou sua primeira deflação mensal desde 2006.
Segundo economistas, a deflação é tão ruim ou até pior que a inflação muito alta quando vira uma tendência. O motivo é simples: quando os preços caem demais, as pessoas deixam de consumir e passam a poupar, acreditando que seu dinheiro vale mais no futuro. Isso alimenta uma nova queda de preços, puxando a economia para baixo. (Com informações do IBGE e Portal G1)