Curitiba, 10 de Setembro de 2016.
07:57
Portal PPS (Com informações das agências de notícias e Correio Braziliense)
Relatórios da PF (Polícia Federal) e do MP (Ministério Público) na Operação Greenfield, realizada nesta segunda-feira, apontam a influência de ex-dirigentes do PT sobre os fundos de pensão de funcionários de empresas estatais com o objetivo de direcionar recursos para empresas doadoras de campanha do partido. A estimativa é de os desvios somaram R$ 8 bilhões durante os governos petistas.
Segundo a PF e o MP, o núcleo empresarial de uma organização criminosa fazia reuniões com diretores e presidentes das entidades de previdência “em conjunto — suspeita-se — com autoridades políticas que tinham clara ascendência sobre os diretores dos fundos de pensão que são indicados pelas entidades patrocinadoras”.
“Há suspeitas ainda sobre os motivos que levaram a Funcef (assim como a Petros) a investir, por meio do FIP Florestal, na Eldorado Brasil Celulose S.A., bem como a aceitar a superavaliação de seus ativos”, destaca um dos relatórios.
“Sabe-se que a mencionada empresa é controlada pelo grupo J&F (que detém 47,2% de seu capital), grupo este que é um dos principais doadores de campanha do Partido dos Trabalhadores. Logo, investimento de fundos de pensão federais na Eldorado Brasil Celulose S.A. pode ser resultado da pressão de grupo econômico politicamente dominante”, no caso o PT, que comandou o País de 2003 a maio deste ano.
Os investigadores devem aprofundar, em novas fases da operação, a participação de políticos no esquema que desviou recursos estimados em R$ 8 bilhões dos fundos.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse não ter dúvidas de que as fraudes foram resultado da “união entre dirigentes ligados ao PT e empresários que surrupiaram o dinheiro do trabalhador”.
Rubens Bueno foi autor do requerimento que criou a CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados. O colegiado funcionou até abril deste ano.
Em voto separado, apresentado na comissão, Rubens Bueno e seu colega de partido, Raul Jungmann (PE), pediram, à época, o indiciamento de mais dois dirigentes que, na avaliação dos deputados, concorreram diretamente para a ocorrência dos prejuízos decorrentes das operações realizadas pelos quatro principais fundos de pensão de empresas estatais. São eles: Guilherme Narciso de Lacerda (Funcef) e Carlos Alberto Caser (Funcef). Relatório da CPI já havia pedido a responsabilização de outros diretores dos demais fundos.
Operação
A Operação Greenfield teve como alvo a Funcef, da Caixa Econômica Federal; Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; e Postalis, dos Correios — quatro dos maiores fundos de pensão do País. O Ministério Público calcula que o rombo provocado pelas fraudes e má gestão chegue a R$ 50 bilhões. O cálculo é baseado em informações da Previdência.
Oferecidos por associações e empresas públicas e privadas aos empregados, os 307 fundos de pensão brasileiros administram, atualmente, patrimônio de R$ 720 bilhões.