Curitiba, 17 de Abril de 2017.
15:26
Robson Gonçalves
Deputado lembra que comentários sobre a venda de sentenças circulam há anos pelos corredores de Brasília
Portal PPS
Autor de proposta (PEC 163/2012) que acaba com o privilégio de juízes corruptos serem aposentados compulsoriamente com salário integral, o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), avaliou nesta terça-feira (18) que, com o aprofundamento das investigações e os detalhes revelados por delatores, a força-tarefa da operação Lava Jato terá condições de abrir a “caixa preta” do Judiciário brasileiro. O parlamentar lembra que não é de hoje que se comenta pelos bastidores do poder que muitas empresas e alguns poderosos do País conseguem sentenças favoráveis em troca do pagamento de favores pessoais, ou mesmo propina, para magistrados das cortes mais altas do Brasil.
“Comentários sobre a venda de sentenças circulam há anos pelos corredores de Brasília. No entanto, pouquíssimas vezes alguém teve coragem de apresentar provas ou mesmo denunciar publicamente um magistrado. A própria ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, alertou para os ‘bandidos de toga’ e foi hostilizada pela categoria. Passou da hora de abrirmos a caixa preta do Judiciário e a operação Lava Jato pode ajudar muito nesse sentido”, avalia o deputado, que também é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 17/2011) que modifica o sistema de indicação para ministros do Supremo Tribunal Federal.
A possibilidade de a Lava Jato atingir o Judiciário já começou a ser ventilada nos últimos dias pela imprensa e por pessoas ligadas direta ou indiretamente a investigação. A própria ministra Eliana Calmon reforçou esse caminho natural, mas lembrou que isso não acontecerá imediatamente. “A Lava Jato pegará o Poder Judiciário num segundo momento. O Judiciário está sendo preservado, como estratégia para não enfraquecer a investigação”, disse ela em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
O deputado Rubens Bueno espera que essas revelações possam ocorrer o mais breve possível. “Se os poderosos e as empreiteiras compram parlamentares, compram integrantes do governo, não seria de se imaginar que também compram juízes? Como diz a ministra Eliana Calmon, muita coisa virá à tona”, acredita o parlamentar.