Curitiba, 30 de Março de 2017.
08:13
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Portal PPS
A crise política que atinge não só o Brasil, mas diversos países do mundo, levou o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) a fazer um alerta durante a Conferência Solidariedade Democrática na América Latina, que se encerra nesta quinta-feira (30) na Cidade do México. Para ele, os partidos políticos precisam resgatar urgentemente seu papel de mediação entre a sociedade e o poder público sob pena da abertura de espaço para o crescimento de forças reacionárias e antidemocráticas.
“Nós convivemos hoje no Brasil com um fenômeno que se estende a outros países: a rejeição de grande parcela da população à política. O resultado é que observamos hoje vários candidatos empunhando a bandeira da ‘antipolítica’ e se elegendo, o que é um fenômeno preocupante. Em minha opinião, estamos diante de uma crise de valores sobre a qual nós precisamos, com urgência, refletir. Se há sujeira na política, seja na brasileira ou na de qualquer outro país, precisamos varrer a sujeira e não a política”, defendeu o parlamentar, que é membro do Parlamento do Mercosul e da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Ao participar do painel sobre o papel regional do Brasil, Rubens Bueno lembrou que anualmente a revista The Economist publica um “índice democrático” e na última versão do ranking, de 2015, o Brasil ficou na 51ª posição num universo de 167 países. “No Brasil de hoje, em que pesem as dificuldades que ainda enfrentamos tanto do ponto de vista econômico como social – sobretudo em questões relativas à pobreza, acesso a serviços de saneamento básico, educação de qualidade e saúde – tenho a absoluta convicção de que estamos caminhando para um futuro melhor”, ressaltou.
Na avaliação do deputado, o Brasil tem hoje como pontos positivos um sistema eleitoral avançadíssimo, que tornou o país referência mundial em processo eleitoral, além de garantir amplas liberdades civis para seus cidadãos. Mas o país ainda precisa superar uma série de falhas. “Nossa maior falha é baixa cultura política, que termina por afastar o cidadão brasileiro do debate das grandes questões nacionais, algo que nós, políticos, precisamos corrigir com urgência, sob pena de vermos esse fosso entre nós e a sociedade crescer a cada dia”, alertou Rubens Bueno.
Venezuela
O parlamentar também aproveitou o encontro para debater a situação da democracia na Venezuela. Ele relatou aos participantes da conferência que a Câmara dos Deputados do Brasil tem recebido, com alguma frequência, a visita de colegas parlamentares venezuelanos que relatam os horrores a que a oposição tem sido submetida sob o regime do presidente Nicolás Maduro.
“A reação popular diante da escassez de alimentos e da quase ausência de serviços públicos essenciais veio na forma da eleição de uma maioria oposicionista na Assembleia Nacional da Venezuela, mas nem esse claro sinal de que o povo venezuelano está cansado de sofrer nas mãos de um regime nada democrático parece surtir efeito”, afirmou Rubens Bueno.
Diante dessa situação, ele lembrou que está a frente da organização do evento Diálogo Parlamentar em Defesa da Democracia na Venezuela, que reunirá presidentes dos legislativos de todos os países da América do Sul no próximo dia 23 de maio, em Brasília. “Será um grande diálogo em defesa da democracia na Venezuela, evento para o qual, desde já, convido todos os presentes para enriquecer o nosso debate. Até porque estamos diante de um impasse na América Latina sobre o qual precisamos refletir com cautela: qual é a democracia que queremos para a nossa região? Uma democracia feita de leis escritas que nunca se cumprem ou uma democracia feita de liberdade de expressão, de justiça social e paz?”, questionou Rubens Bueno, ao finalizar um de seus discursos na conferência internacional.
O evento reuniu ex-presidentes de países da região, como o costa-riquenho Oscar Árias, prêmio Nobel da Paz em 1987; o boliviano Jorge Quiroga e o uruguaio Luís Alberto Lacalle; o secretário geral da OEA, Luís Almagro, parlamentares, políticos, pensadores, jornalistas, professores, representantes de entidades e ativistas. Foram dois dias de debates em torno de temas como a democracia na América Latina, a participação cidadã e fortalecimento das instituições democráticas, o papel regional do Brasil, o sistema político na Venezuela e suas perspectivas e o papel dos jovens na democracia da América Latina.
foto: Universidade Tecnológica de Monterrey, onde participou de um debate com estudantes da Escola de Governo e Transformação Pública.